terça-feira, 27 de julho de 2010

Amor livre

Ontem eu estava assistindo ao CQC e no quadro "Documento da semana" o assunto era o casamento gay, que foi liberado recentemente na Argentina. A questão da reportagem era: no Brasil, o casamento gay deve ou não ser liberado também? Você é contra ou a favor?
A reportagem questionou pessoas na rua, membros representantes de igrejas, artistas... Não preciso dizer que muitas pessoas ainda são contra, principalmente aqueles que se ligam diretamente ou de forma mais íntima com a Igreja e que os artistas acham que deve ser liberado.
Mas aqui eu quero abordar um outro lado da situação, o lado menos prático, eu diria. Não quero falar diretamente da liberação ou não do casamento gay quero falar do amor. E veja bem, do amor, não do amor gay, porque amor gay não existe. Amor é amor aqui ou lá na China...o amor é o mais nobre dos sentimentos e é o que boa parte da população mundial, se não toda ela, busca a vida inteira: amor verdadeiro. Amor é a força maior da vida, é a felicidade compartilhada por dois (ou mais, porque o amor não é quantitativo). O amor é, como disse Luiz Vaz de Camões "fogo que arde sem se ver, ferida que dói e não se sente, é um contentamento descontente". Eu acho que o amor é exatamente isso, exatamente assim. É essa contradição que nos corrói sem entendermos, é a saudade de ficar longe da pessoa amada, longe daquela que não se pode viver (e veja outra contradição do amor), o amor é o que te consome a alma e o coração e que mesmo que seja quente e ardente, tantas e tantas vezes dolorido, é aquilo que te faz bem, que te deixa feliz e que te faz ser alguém melhor.
Quem vai entender o que nem coração e nem alma entendem?
Se amor fosse simples e fosse fácil de encontrar, o mundo não seria como é hoje, não sofreríamos como sofremos hoje e tampouco estaríamos doentes por falta de amor, loucos à procura do amor...
Mas o ponto que eu quero é: o amor é nobre demais para se interessar por sexo, raça, cor, crença ou qualquer outro tabu e paradigma feitos pela ignorância humana. O amor é independente, é a essência de toda a beleza, é entidade superior ao tempo. O Amor não escolhe quando deve acontecer, muito menos por quem vai se amar... O amor é mesmo um sacana e parece desafiar tudo que o que um dia nos foi dito, ensinado. O amor não acontece porque um homem e uma mulher estão disponíveis, pensam de forma parecida e são astrologicamente compatíveis, pode ser que quando o amor resolva aparecer e acontecer seja em situações diametralmente opostas à essa: eles podem pensar diferente, ter gostos diversos e na teoria o Universo não aceita bem aquela combinação... mas perto do amor o que é o Universo?
O amor é um sacana!
Mas o que seria de nós sem ele?
O amor é a força irresístivel, é a contracorrente... é impossivel lutar contra. Quando ele acontece, simplismente acontece, e tudo o que parecia complexo parece ser mais simples do que o simples fato de respirar... involuntário, inexplicável. Amor.
E quando o amor chega para duas pessoas, quem pode dizer que está certo ou errado? Porque ainda desafiamos o inevitável, o implacável e inevitável amor verdadeiro entre duas pessoas?
E se Deus é amor e o amor chega à qualquer um, independente de qualquer outra coisa, então quem escolheu assim foi Deus, o próprio amor.
Se apaixonar e amar é um processo que acontece entre as almas, entre as essências e a casca que se apresenta de nada vale, afinal ela não é nada mesmo. E quem pode se contrapor à este fato?
E se o casamento é a oficialização e celebração dos mais belos dos sentimentos, da força mais poderosa do Universo e sendo esta força existente e possível entre qualquer pessoa independentemente de qualquer outro fator banal (porque é assim que as coisas ficam perto do amor), quem pode se contrapor?
Qualquer negação sobre isso se apresenta como hipocrisia, ignorância, preconceito e egoísmo. E disso já estamos fartos... o mundo é o que é hoje e tem todos os seus problemas por decorrência deles.
Deixemos, pois, o remédio do amor sarar as feridas da alma, do coração e principalmente, da mente.
E deixemos quem amamos livre, pois o amor é livre. E na verdade, o amor só é amor, se for livre.

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